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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Atividades de Sequência Didática

SEQUÊNCIA DIDÁTICA I

Por: Emília Carvalho (Atividade Avaliativa do Curso de Letras Mod. V - UNOPAR /Xinguara)

Disciplina: Português
Série: 8ª
Título da aula: Explorando o gênero textual “CHARGES” na sala aula.
Conteúdo proposto: Leitura de Charges em sala de aula
Número de aulas planejadas: 12

Objetivos:
· Analise da charge como pertencente da categoria “texto”, traçando seu perfil e a viabilidade de seu uso no processo de leitura e produção textual em sala de aula.
· Compreender que com o novo perfil da leitura, na atualidade, fica a idéia de que os alunos também precisam estar a par das transformações que envolve todo o processo de leitura.
· Promover o hábito de ler, refletir e escrever entre os estudantes.

Introdução:
Considerando o momento atual, marcado pela diversidade de leituras, muitas vezes, em um mesmo ambiente como na Internet, a charge é um instrumento que utiliza a imagem para chamar a atenção do leitor e também não deixa de utilizar a linguagem com propósitos específicos e definidos pelo seu criador, deixando de ser neutra. Daí a necessidade de compreender o porquê das charges suscitarem nos educandos algo mais do que mero efeito informativo ou efeito humorístico.

1º Momento:
- Discutir com a turma atraves de aula discussiva, para levantamento de conhecimentos prévios, sobre a visão que eles possuem do que está sendo ensinado nas aulas de língua portuguesa. A partir desta reflexão sensibilizá-los da importãncia de trabalhar a linguagem em suas diferentes manifestações, focalizando as diferentes tipologias textuais e seus recursos. Ressaltar a charge como pertencente a um universo leitor que constrói sentidos mediante determinada temporalidade, inserido em um processo histórico, que aciona a memória e como um material qualificado pela não neutralidade.

2º Momento:
- Utilizar slides para fazer uma abordagem sobre as diferentes constatações do que vem a ser “texto” no processo de aquisição de sentidos. Texto é construção de sentidos, os quais podem ser produzidos a partir de elementos verbais e não-verbais e nos mais diferentes suportes.
- Esclarecer atraves de aula expositiva e dialogada que: este tipo de texto tem caráter temporal, porque trata do fato do dia; Dentro da terminologia do desenho de humor pode-se destacar, além da charge, o cartum (satiriza um fato específico de conhecimento público de caráter atemporal), a tira, os quadrinhos e a caricatura pessoal; A charge será alvo do estudo por trazer, em uma análise superficial, implícita a história e a presença do interdiscurso; Ela é o local escolhido pela ironia, metáfora (transferência), pelo contexto, pelo sujeito, para atuar e que por possuir carater “combativo”, tem lugar de destaque em jornais, revistas e na Internet.

3º Momento:
- Utilizar-se das sequintes questões para provocar os alunos de forma que compreendam a charge como um texto: Sendo texto um instrumento que favorece o cognitivo na construção de sentidos, podemos então chamar uma charge “texto”? Explique.
Qual a importância das ilustrações nas charges?
Qual a importância da escrita nas charges?
Qual o objetivo das charges para vocês?
Todos os leitores do grupo interpretaram as charges da mesma forma?

- Basear nas respostas dos alunos mediante a o questionamento sobre texto/ charge, para a constatação dos principais elementos de apreensão dos sentidos das mesmas, para conscientizarem-se do trabalho com esta tipologia textual.
- Em seguida apresentar duas charges em slides e após entregá-las (xerox) para que os alunos analisem em duplas se as charges produzem sentidos. Nesta etapa deverá ficar explicito a intenção de trabalho com o texto que alia o verbal e o não-verbal - a charge - e conseqüente adequação dos alunos aos novos tempos e às novas leituras.

1ª Figura: O assalto

2ª Figura: A consulta

4º Momento:
Nesta fase, os resultados terão como base as respostas escritas, feitas as análise das charges pelos alunos, bem como a constatação feita a partir da noção de texto enquanto construção de sentidos em processo.

5º Momento:
Após o trabalho de reflexão e analise de charges enquanto texto, serão introduzidas as marcas textuais como coerência, coesão, ironia, intencionalidade e outros em sua relação. Assim, os alunos vão perceber que ao adquirirem uma experiência leitora, compreenderão cada vez mais o significado e a importãncia do uso desta tipologia textual. Por exemplo, existirá coerência na charge se ela tiver os elementos que façam com que o leitor descubra sentidos possíveis em sua leitura, e isso depende de experiências leitoras, de mundo e as próprias vivências de cada um.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA II

Disciplina: Português Série: 8ª
Título da aula: Lendas e Mitos numa perspectiva transversal e HQS.
Conteúdo proposto: Estudo do gênero narrativo: Lendas e Mitos / HQS Histórias em Quadrinhos Número de aulas planejadas: 14

Objetivos:
· Trabalhar as diversidades sócio-culturais.
· Favorecer o conhecimento das lendas e mitos amazônicos através da transversalidade.
· Vivenciar e valorizar as origens em respeito aos antepassados.
· Cultivar o gosto pelas artes populares.
· Perceber quão importante é as Histórias em quadrinhos e que elas podem tornar o ensino de leitura e produção de texto mais atraente, além de ser considerado um meio eficaz para o desenvolvimento da leitura e da escrita, os quadrinhos, de acordo com pesquisas, também auxiliam o aluno no desenvolvimento de sua oralidade.
· Favorecer na comunicação de idéias, interesses políticos e sociais, tendo em vista que é parte da cultura de massa.
· Utilizar-se da variedade de cores dos HQS para fixar melhor a essência de cada lenda ou mito, de maneira que as cores e formas dos quadrinhos possam ajudar na memorização e interesse dos alunos ao rever estas histórias.

Introdução:
Os contos fazem parte do imaginário popular paraense. Na capital, Belém são assimilados pelos alunos nas escolas e nos municipios do interior do Estado, onde o misticismo é mais arraigado, ganham força. São contados nas portas das casas, durante os encontros noturnos, e chegam a assombrar ou provocar respeito em mitos lendários. O Pará e a Amazônia são regiões de muitas surpresas e expressividade cultural autêntica. Sua gente preserva suas raízes e cultiva o gosto pelas artes populares, como uma forma de guardar suas origens em respeito aos antepassados. Entre as manifestações culturais mais apreciadas estão as lendas e os folguedos populares. São festas, cheias de dramaticidade e alegria, que acontecem, tradicionalmente, em datas marcadas. Tem ainda a magia do Boi Bumbá, mistura de dança, batuque e drama, como se costuma dizer em nossa região “O Pará é um caldeirão de magia e estórias encantadas”.
Segundo o dicionário, conto quer dizer aquilo tudo que é colhido da boca do povo. São mitos, lendas, superstições, crendices, busões, tabus, fábulas, estórias, causos (fatos reais enfeitados pela fantasia do contador que em geral é o protagonista da façanha), provérbios, adivinhas, xingamentos, pragas e esconjuros. Os contos podem ser ainda réplicas, frases feitas (feio como a justiça em casa de pobre), travalingua (quem a paca paga, cara a cara a paca pagará) ou anedotas.
De acordo com RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil - Propostas e práticas escolares diversas que partem fundamentalmente da idéia de que falar da diversidade cultural, social, geográfica e histórica significa ir além da capacidade de compreensão das crianças têm predominado na educação (RCNEI, 2001, v.3, p.165). Para que seja incorporada pelas crianças, a atitude do outro em suas diferenças e particularidades precisa estar presente nos atos e atitudes dos adultos com quem convivem na instituição. Começando pelas diferenças de temperamento, de habilidades e de conhecimentos, de etnia e de credo religioso, o respeito a essa diversidade deve permear as relações cotidianas.
Pensado numa perspectiva transversal, esta atividade de sequencia didática deverá proporcionar aos alunos conhecimentos acerca de nossa região, de forma lúdica e prazerosa. A escolha desse tema parte de alguns princípios de trabalho que visam aproximar os alunos de diferentes tipos de texto, e ter contatos com as mais diversas leituras sobre os mitos e lendas amazônicas, nestas narrativas em que os acontecimentos são enriquecidos por elementos mágicos e transformados em situações imaginárias a partir das leituras e exploração dos personagens e elementos da natureza envolvidos nos textos como: Lenda do Curupira; O Boto; A Cobra Grande; Lenda da Mandioca; Lenda do Guaraná; entra tantas outras a serem trabalhadas em sala de aula.
Todo este trabalho será permeado pelas HQS de forma ilustrativa, representando as “lendas e os mitos” trabalhados em formas de gibis de acordo com a narrativa escolhida pelos alunos. Recurso este que Segundo Ramos (2006), o gênero HQ é considerado pelos Parâmetros Curriculares Internacionais (PCNs) como um texto adequado para se trabalhar a oralidade e a escrita. Ainda reforça que nos quadrinhos o leitor pode desenvolver sua capacidade de interpretação, pois a estrutura deste gênero textual é muito próxima da oralidade. Sendo assim, ao ler, o aluno consegue identificar quem está falando, o assunto que se está falando e para quem se está falando.

1º Momento:
Leitura de textos informativos e literários sobre as lendas e mitos amazônicos;
Pesquisas orientadas: origem dos mitos e lendas;

2º Momento:
Entrevistas com pessoas (contos de casos);

3º Momento:
Produção de textos;

4º Momento:
Brincadeiras folclóricas; Desenho; Pintura; Recorte; Colagem; Modelagem; Dobradura; Montagem e Dramatizações envolvendo as temáticas abordando os mitos e lendas.

5º Momento:
Confecção e exposição de Gibis sobre as lendas e mitos da região norte do Pará e da região Amazônica:
- Criação dos personagens - dos protagonistas aos tipos secundários, o autor precisa planejar tudo, para não cair em contradição mais tarde. O ideal é ter em mente cada personagem, com a personalidade, o aspecto físico, o estilo das roupas, os vícios e as virtudes. Nessa fase, o artista deve desenhar cada um dos tipos em posições variadas e om expressões faciais bem marcadas. Treinando o seu traço não haverá perigo de, ao longo da história, o personagem ficar irreconhecível.
- Desenho da história / lenda - A lápis, as linhas de todos os elementos das páginas são marcadas ­ personagens, cenários, balões (já no caso dos textos, escritos a lápis), onomatopéias (palavras que reproduzem sons naturais, como Tchibum! Pou! Crás! ) e os contornos dos quadrinhos.

CONSIDERAÇÃO FINAL

Constata-se que o ensino através dos gêneros pode funcionar como um meio de levar os alunos a terem uma ampla percepção da variedade de textos e de discursos que permeiam a interação do aluno com a escola e o seu meio social.
Para isso, é imprescindível que a escola forneça subsídios para que os atuais professores, através de cursos e seminários de extensão e pesquisa, possam conhecer sobre as teorias dos diferentes gêneros, consequentemente, terão mais instrumentos para melhor orientar as práticas de ensino, pois consideramos que só podemos ensinar bem aquilo que aprendemos satisfatoriamente.
Dessa forma a aprendizagem será efetiva, pois a intenção do educador deve ser a de extrapolar as situações de escrita puramente escolares e remeter às práticas sociais, possibilitando aos alunos o contato com gêneros que existem na vida real - e não propor a elaboração de redações escolares sem contexto. "A habilidade do aluno requer a aprendizagem não apenas dos conteúdos gramaticais, mas também dos discursivos", é necessário que se possibilite uma reflexão sobre os gêneros e o seu processo de ensino e aprendizagem, sejam eles, orais ou escritos, para que os professores possam desenvolver um trabalho acerca dos conhecimentos lingüísticos, envolvendo a problemática dos gêneros junto aos seus alunos.

MÉTODO UTILIZADO

O método utilizado neste trabalho será o de Sequência Didática, que segundo Dolz e Schneuwly (2004), são instrumentos que podem guiar professores, propiciando intervenções sociais, ações recíprocas dos membros dos grupos e intervenções formalizadas nas instituições escolares, tão necessárias para a organização da aprendizagem em geral e para o progresso de apropriação de gêneros.
A criação de uma sequência de atividades deve permitir a transformação gradual das capacidades iniciais dos alunos para que estes dominem um gênero, para sua realização, devem-se considerar questões como as complexidades de tarefas, em função dos elementos que excedem as capacidades iniciais dos alunos. Esse conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado conteúdo pode variar no decorrer de dias a semanas, dentre várias seqüências que podem ser trabalhadas durante o ano, de acordo com o planejado ou com as necessidades da classe, a complexidade dos desafios e dos textos deve-se aumentar gradativamente permitindo um aprofundamento do tema proposto.
Desta forma, seqüência didática são conjuntos de oficinas práticas, cada uma abordando um aspecto do gênero textual que se quer ensinar, como: leitura de exemplares do gênero, sua situação de produção, sua organização textual típica, elementos gramaticais e finalmente, escritas de um texto que se aproxime do gênero estudado. Quando organizada e planejada deliberadamente permite ainda construir com o aluno as ferramentas da pesquisa científica e vivências, visando aspectos conceituais e procedimentais, fundamentais para a aprendizagem do aluno e desenvolver sua autonomia.
A vantagem desse tipo de trabalho é que leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados em conjunto, o que faz mais sentido para quem aprende.

BIBLIOGRAFIA
BAKHTIN, M ikhail. Os gêneros do discurso. In BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo, Martins Fontes: 1992, pp. 279-326.
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (2004). Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras. 2004.
___________________________ Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – Elementos para reflexão de uma experiência suíça (francófona). In ROJO, Roxane Helena Rodrigues e CORDEIRO, Glaís Sales (Tradução e organização). Gêneros orais escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, pp. 41-70.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 6ª Edição. Curitiba: Positivo, 2004.
COSTA, Nelson Barros da Costa. As letras e a letra: o gênero canção na mídia literária. In BEZERRA, Maria Auxiliadora, DIONISIO, Angela Paiva e MACHADO, Anna Rachel (organizadoras). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, pp. 107-121.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da Conversação. 2.ed. São Paulo: Ática, 1991.
______________________.Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In BEZERRA, Maria Auxiliadora, DIONISIO, Angela Paiva e MACHADO, Anna Rachel (organizadoras). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, pp.19-36.
M. REINALDO, Maria augusta G. de e SANT ‘ANA, Tatiana Fernandes. Análise da orientação para produção de texto no livro didático como atividade de formação docente. Artigo publicado na revista Linguagem e Ensino, Vol. 8, n° 2, 2005, pp. 97-120.
ROMUALDO, E. C. Charge jornalística: intertextualidade e polifonia: um estudo de
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SILVA, Carla Letuza Moreira e. O trabalho com charges na sala de aula. Pelotas, RGS: UFRGS, 2004.
JOLIBERT, Josette, Formando Crianças Produtoras de Textos, P. Alegre:Artes Médicas,1994
KAUFMAM, Ana Maria e M. Elena Rodriguez, Escola, leitura e produção de textos, Porto Alegre: Artes Médicas,1995 .

MATA, Francisco Salvador, Como Prevenir as Dificuldades na Expressão Escrita, Porto Alegre: Artes Médicas, 2003
SOARES Magda. Alfabetização e Letramento, , 128 págs., Ed. Contexto
MELLO, Márcia Cristina de Oliveira Emilia Ferreiro e a Alfabetização no Brasil: um Estudo Sobre a Psicogênese da Língua Escrita, 136 págs., Ed. Unesp,
LERNER Delia. Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário, 128 págs., Ed. Artmed,
FERREIRO Emilia e Ana Teberosky Psicogênese da Língua Escrita, , 300 págs. Ed. Artmed.
Conte MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.xto, 8ª Ed., 2005.
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VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R. e LEONTIEV, A. N.. Linguagem desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo:
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KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 2 ed. Campinas, SP: Pontes, 1992.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A escola que desejamos e seus desafios
José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância

Há um descompasso crescente entre os modelos tradicionais de ensino e as novas possibilidades que a sociedade já desenvolve informalmente e que as tecnologias atuais permitem. A maior parte do que se ensina não é percebido pelos alunos como significativo.
Uma boa escola depende fundamentalmente de contar com gestores e educadores bem preparados, remunerados, motivados e que possuam comprovada competência intelectual, emocional, comunicacional e ética. Sem bons gestores e professores nenhum projeto pedagógico será interessante, inovador. Não há tecnologias avançadas que salvem maus profissionais.
São poucos os educadores e gestores pró-ativos, inovadores, que gostam de aprender e que conseguem por em prática o que aprendem. Temos muitos profissionais que preferem repetir modelos, obedecer, seguir padrões, que demoram para avançar. São mais os que adotam uma postura dependente do que os autônomos, criativos, pró-ativos. Sem pessoas autônomas é mito difícil ter uma escola diferente, mais próxima dos alunos que já nasceram com a Internet e o celular.
Uma boa escola precisa de professores mediadores de processos de aprendizagem vivos, criativos, experimentadores, presenciais-virtuais. De professores menos “falantes”, mais orientadores; de menos aulas informativas e mais atividades de pesquisa, experimentação, desafios projetos.
Uma escola que fomente redes de aprendizagem, entre professores e entre alunos; que aprendam com os que estão perto e também longe, conectados, com os mais experientes ajudando aos que têm mais dificuldades.
Uma escola com apoio de grandes bases de dados multimídia, de multi-textos de grande impacto (narrativas, jogos de grande poder de sensibilização), com acesso a muitas formas de pesquisa, de desenvolvimento de projetos.
Uma escola que privilegie a relação com os alunos, a afetividade, a motivação, a aceitação, o reconhecimento das diferenças. Que dê suporte emocional para que os alunos acreditem em si, sejam autônomos, aprendam a analisar situações complexas e a fazer escolhas cada vez mais libertadoras.
Uma escola que se articule efetivamente com os pais (associação de pais), com a comunidade, que incorpore os saberes dela, que preste melhores serviços. A escola pode estender-se fisicamente até os limites da cidade e virtualmente até os limites do mundo. A escola pode integrar os espaços significativos da cidade: museus, centros culturais, cinemas, teatros, parques, praças, ateliês, centros esportivos, centros comerciais, centros produtivos, entre outros. A escola pode trazer as manifestações culturais e artísticas próximas, fazendo dos alunos espectadores críticos e produtores de novos significados e produtos. Pode inserir atividades teóricas com as práticas, a ação com a reflexão. Trazer pessoas com diversas competências para mostrar novas possibilidades vocacionais para os alunos.
A escola e a universidade precisam reaprender a aprender, a serem mais úteis, a prestar serviços mais relevantes à sociedade, a saírem do casulo em que se encontram. A maioria das escolas e universidades se distancia velozmente da sociedade, das demandas atuais. Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios e legitimados pelo Estado. Os alunos freqüentam muitas aulas porque são obrigados, não porque sintam que vale a pena. As escolas deficientes e medíocres atrasam o desenvolvimento da sociedade, retardam as mudanças.
A educação poderá tornar-se cada vez mais participativa, democrática, mediada por profissionais competentes. Teremos muitas instituições que optarão por uma postura mais conservadora, que manterão o sistema disciplinar, o foco no conteúdo; mas, mesmo nelas, o ensino-aprendizagem não se fará somente na sala de aula. Haverá maior flexibilidade de tempos, horários e metodologias do que há atualmente. Outras – e esperamos que muitas – caminharão para tornar-se ou continuar sendo organizações democráticas, centradas nos alunos; que desenvolvem situações ricas de aprendizagem, sem asfixiar os alunos, incentivando-os; que desenvolvem valores de colaboração, de cidadania em todos os participantes.
Escolas não conectadas são escolas incompletas (mesmo quando didaticamente avançadas). Alunos sem acesso contínuo às redes digitais estão excluídos de uma parte importante da aprendizagem atual: do acesso à informação variada e disponível on-line, da pesquisa rápida em bases de dados, bibliotecas digitais, portais educacionais; da participação em comunidades de interesse, nos debates e publicações on-line, em fim, da variada oferta de serviços digitais.
Quanto mais tecnologias avançadas, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas. A sociedade torna-se cada vez mais complexa, pluralista e exige pessoas abertas, criativas, inovadoras, confiáveis. O que faz a diferença no avanço dos países é a qualificação das pessoas. Encontraremos na educação novos caminhos de integração do humano e do tecnológico; do racional, sensorial, emocional e do ético; do presencial e do virtual; da escola, do trabalho e da vida em todas as suas dimensões.
Texto que será publicado no próximo Guia da Boa Escola (no prelo).