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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ou você inova, ou evapora!

By João Santucci in Educação
Published: Sunday, 03 August 08 - 07:15 PM (GMT -04:00)

O mercado de trabalho e as empresas sofrem profundas transformações a espaços de tempo cada vez menores. E isso exige de todos um amplo espectro de flexibilidade e adaptabilidade às novas regras. Ou seja, o mundo moderno apresenta, a cada dia, novos problemas e oportunidades que exigem novas maneiras de pensar. Além disso, o conhecimento fica obsoleto muito rapidamente. O que aprendemos hoje provavelmente não servirá muito daqui a cinco anos.
Essa situação é o resultado das inovações em todos os setores: ciências, marketing, produtos, medicina, engenharia, aviação, propaganda, etc. Mas e a educação? Será que as escolas estão preparando os profissionais de amanhã para gerenciarem o obsoletismo do conhecimento que ensinam hoje? Como preparar os estudantes para um mundo de transformações cada vez mais rápidas? As matérias atendem às demandas do futuro? As metodologias atendem às expectativas dos alunos? Os jovens de hoje são “multimídia”. Estudam e fazem seus trabalhos escolares na frente de um computador, ouvindo um CD, com a televisão ligada e falando ao telefone. Tudo ao mesmo tempo.
Essas mudanças no mundo exigem inovações por parte das escolas. Recentemente, realizei uma palestra em um evento de educação. À saída, fui abordado por diversas pessoas, entre elas, um professor. Ao abrir sua pasta, o educador mostrou-me seu planejamento de aula. Observei que as páginas estavam amareladas. Algumas escritas à mão e outras datilografadas. Então indaguei:
- Há quanto tempo o senhor dá essas aulas? — Sempre usei este formato e ele tem funcionado bem, respondeu. Esse fato deve provocar uma reflexão nas escolas que continuam fazendo tudo da mesma maneira como sempre foi feito porque funciona. Talvez ainda não percebessem que o grande risco é esperar perder para começar a mexer no time que está ganhando. Como em qualquer empresa ou profissão, as escolas também precisam estimular a criatividade de seus professores, diretores e pessoal administrativo, com o objetivo de gerar inovações que tragam benefícios para todos.
A escola precisa estar alinhada com o mundo atual e com a rapidez das mudanças. A faísca da inovação é o questionamento. Então, pergunto:
- Por que os currículos não são feitos para desenvolver a imaginação dos alunos ao invés de apenas transmitir informações?
- Por que as escolas dedicam tanto tempo para ensinar o passado?
- Por que não dedicam um tempo para analisar tendências e futuro? É no futuro que os estudantes colocarão em prática os conhecimentos adquiridos na escola. Muitas vezes já defasados. Esses são apenas três questionamentos. Podemos ter centenas deles. A partir daí, utilizando as técnicas de geração de idéias, surgirão novas formas para melhorar o produto educacional, melhores práticas didáticas e melhores resultados, maior motivação por parte dos alunos e professores, além de uma infinidade de outras vantagens para todos os envolvidos.
Ou você inova, ou evapora!

terça-feira, 7 de julho de 2009

"As transformações provocadas pelas novas tecnologias exigem que repensemos as nossas práticas pedagógicas e tiremos partido de suas vantagens. Num mundo de informações disponibilizadas diariamente por todos os canais de comunicação, cabe perguntar: o que os educadores podem fazer para preparar crianças e jovens para lidarem de forma mais saudável com as informações que circulam à nossa volta? O caminho parece ser o mais óbvio, o que não quer dizer o mais simples: significa prepará-los para lidar com critérios de seleção, com criticidade e poder de avaliação".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Atividades de Sequência Didática

SEQUÊNCIA DIDÁTICA I

Por: Emília Carvalho (Atividade Avaliativa do Curso de Letras Mod. V - UNOPAR /Xinguara)

Disciplina: Português
Série: 8ª
Título da aula: Explorando o gênero textual “CHARGES” na sala aula.
Conteúdo proposto: Leitura de Charges em sala de aula
Número de aulas planejadas: 12

Objetivos:
· Analise da charge como pertencente da categoria “texto”, traçando seu perfil e a viabilidade de seu uso no processo de leitura e produção textual em sala de aula.
· Compreender que com o novo perfil da leitura, na atualidade, fica a idéia de que os alunos também precisam estar a par das transformações que envolve todo o processo de leitura.
· Promover o hábito de ler, refletir e escrever entre os estudantes.

Introdução:
Considerando o momento atual, marcado pela diversidade de leituras, muitas vezes, em um mesmo ambiente como na Internet, a charge é um instrumento que utiliza a imagem para chamar a atenção do leitor e também não deixa de utilizar a linguagem com propósitos específicos e definidos pelo seu criador, deixando de ser neutra. Daí a necessidade de compreender o porquê das charges suscitarem nos educandos algo mais do que mero efeito informativo ou efeito humorístico.

1º Momento:
- Discutir com a turma atraves de aula discussiva, para levantamento de conhecimentos prévios, sobre a visão que eles possuem do que está sendo ensinado nas aulas de língua portuguesa. A partir desta reflexão sensibilizá-los da importãncia de trabalhar a linguagem em suas diferentes manifestações, focalizando as diferentes tipologias textuais e seus recursos. Ressaltar a charge como pertencente a um universo leitor que constrói sentidos mediante determinada temporalidade, inserido em um processo histórico, que aciona a memória e como um material qualificado pela não neutralidade.

2º Momento:
- Utilizar slides para fazer uma abordagem sobre as diferentes constatações do que vem a ser “texto” no processo de aquisição de sentidos. Texto é construção de sentidos, os quais podem ser produzidos a partir de elementos verbais e não-verbais e nos mais diferentes suportes.
- Esclarecer atraves de aula expositiva e dialogada que: este tipo de texto tem caráter temporal, porque trata do fato do dia; Dentro da terminologia do desenho de humor pode-se destacar, além da charge, o cartum (satiriza um fato específico de conhecimento público de caráter atemporal), a tira, os quadrinhos e a caricatura pessoal; A charge será alvo do estudo por trazer, em uma análise superficial, implícita a história e a presença do interdiscurso; Ela é o local escolhido pela ironia, metáfora (transferência), pelo contexto, pelo sujeito, para atuar e que por possuir carater “combativo”, tem lugar de destaque em jornais, revistas e na Internet.

3º Momento:
- Utilizar-se das sequintes questões para provocar os alunos de forma que compreendam a charge como um texto: Sendo texto um instrumento que favorece o cognitivo na construção de sentidos, podemos então chamar uma charge “texto”? Explique.
Qual a importância das ilustrações nas charges?
Qual a importância da escrita nas charges?
Qual o objetivo das charges para vocês?
Todos os leitores do grupo interpretaram as charges da mesma forma?

- Basear nas respostas dos alunos mediante a o questionamento sobre texto/ charge, para a constatação dos principais elementos de apreensão dos sentidos das mesmas, para conscientizarem-se do trabalho com esta tipologia textual.
- Em seguida apresentar duas charges em slides e após entregá-las (xerox) para que os alunos analisem em duplas se as charges produzem sentidos. Nesta etapa deverá ficar explicito a intenção de trabalho com o texto que alia o verbal e o não-verbal - a charge - e conseqüente adequação dos alunos aos novos tempos e às novas leituras.

1ª Figura: O assalto

2ª Figura: A consulta

4º Momento:
Nesta fase, os resultados terão como base as respostas escritas, feitas as análise das charges pelos alunos, bem como a constatação feita a partir da noção de texto enquanto construção de sentidos em processo.

5º Momento:
Após o trabalho de reflexão e analise de charges enquanto texto, serão introduzidas as marcas textuais como coerência, coesão, ironia, intencionalidade e outros em sua relação. Assim, os alunos vão perceber que ao adquirirem uma experiência leitora, compreenderão cada vez mais o significado e a importãncia do uso desta tipologia textual. Por exemplo, existirá coerência na charge se ela tiver os elementos que façam com que o leitor descubra sentidos possíveis em sua leitura, e isso depende de experiências leitoras, de mundo e as próprias vivências de cada um.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA II

Disciplina: Português Série: 8ª
Título da aula: Lendas e Mitos numa perspectiva transversal e HQS.
Conteúdo proposto: Estudo do gênero narrativo: Lendas e Mitos / HQS Histórias em Quadrinhos Número de aulas planejadas: 14

Objetivos:
· Trabalhar as diversidades sócio-culturais.
· Favorecer o conhecimento das lendas e mitos amazônicos através da transversalidade.
· Vivenciar e valorizar as origens em respeito aos antepassados.
· Cultivar o gosto pelas artes populares.
· Perceber quão importante é as Histórias em quadrinhos e que elas podem tornar o ensino de leitura e produção de texto mais atraente, além de ser considerado um meio eficaz para o desenvolvimento da leitura e da escrita, os quadrinhos, de acordo com pesquisas, também auxiliam o aluno no desenvolvimento de sua oralidade.
· Favorecer na comunicação de idéias, interesses políticos e sociais, tendo em vista que é parte da cultura de massa.
· Utilizar-se da variedade de cores dos HQS para fixar melhor a essência de cada lenda ou mito, de maneira que as cores e formas dos quadrinhos possam ajudar na memorização e interesse dos alunos ao rever estas histórias.

Introdução:
Os contos fazem parte do imaginário popular paraense. Na capital, Belém são assimilados pelos alunos nas escolas e nos municipios do interior do Estado, onde o misticismo é mais arraigado, ganham força. São contados nas portas das casas, durante os encontros noturnos, e chegam a assombrar ou provocar respeito em mitos lendários. O Pará e a Amazônia são regiões de muitas surpresas e expressividade cultural autêntica. Sua gente preserva suas raízes e cultiva o gosto pelas artes populares, como uma forma de guardar suas origens em respeito aos antepassados. Entre as manifestações culturais mais apreciadas estão as lendas e os folguedos populares. São festas, cheias de dramaticidade e alegria, que acontecem, tradicionalmente, em datas marcadas. Tem ainda a magia do Boi Bumbá, mistura de dança, batuque e drama, como se costuma dizer em nossa região “O Pará é um caldeirão de magia e estórias encantadas”.
Segundo o dicionário, conto quer dizer aquilo tudo que é colhido da boca do povo. São mitos, lendas, superstições, crendices, busões, tabus, fábulas, estórias, causos (fatos reais enfeitados pela fantasia do contador que em geral é o protagonista da façanha), provérbios, adivinhas, xingamentos, pragas e esconjuros. Os contos podem ser ainda réplicas, frases feitas (feio como a justiça em casa de pobre), travalingua (quem a paca paga, cara a cara a paca pagará) ou anedotas.
De acordo com RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil - Propostas e práticas escolares diversas que partem fundamentalmente da idéia de que falar da diversidade cultural, social, geográfica e histórica significa ir além da capacidade de compreensão das crianças têm predominado na educação (RCNEI, 2001, v.3, p.165). Para que seja incorporada pelas crianças, a atitude do outro em suas diferenças e particularidades precisa estar presente nos atos e atitudes dos adultos com quem convivem na instituição. Começando pelas diferenças de temperamento, de habilidades e de conhecimentos, de etnia e de credo religioso, o respeito a essa diversidade deve permear as relações cotidianas.
Pensado numa perspectiva transversal, esta atividade de sequencia didática deverá proporcionar aos alunos conhecimentos acerca de nossa região, de forma lúdica e prazerosa. A escolha desse tema parte de alguns princípios de trabalho que visam aproximar os alunos de diferentes tipos de texto, e ter contatos com as mais diversas leituras sobre os mitos e lendas amazônicas, nestas narrativas em que os acontecimentos são enriquecidos por elementos mágicos e transformados em situações imaginárias a partir das leituras e exploração dos personagens e elementos da natureza envolvidos nos textos como: Lenda do Curupira; O Boto; A Cobra Grande; Lenda da Mandioca; Lenda do Guaraná; entra tantas outras a serem trabalhadas em sala de aula.
Todo este trabalho será permeado pelas HQS de forma ilustrativa, representando as “lendas e os mitos” trabalhados em formas de gibis de acordo com a narrativa escolhida pelos alunos. Recurso este que Segundo Ramos (2006), o gênero HQ é considerado pelos Parâmetros Curriculares Internacionais (PCNs) como um texto adequado para se trabalhar a oralidade e a escrita. Ainda reforça que nos quadrinhos o leitor pode desenvolver sua capacidade de interpretação, pois a estrutura deste gênero textual é muito próxima da oralidade. Sendo assim, ao ler, o aluno consegue identificar quem está falando, o assunto que se está falando e para quem se está falando.

1º Momento:
Leitura de textos informativos e literários sobre as lendas e mitos amazônicos;
Pesquisas orientadas: origem dos mitos e lendas;

2º Momento:
Entrevistas com pessoas (contos de casos);

3º Momento:
Produção de textos;

4º Momento:
Brincadeiras folclóricas; Desenho; Pintura; Recorte; Colagem; Modelagem; Dobradura; Montagem e Dramatizações envolvendo as temáticas abordando os mitos e lendas.

5º Momento:
Confecção e exposição de Gibis sobre as lendas e mitos da região norte do Pará e da região Amazônica:
- Criação dos personagens - dos protagonistas aos tipos secundários, o autor precisa planejar tudo, para não cair em contradição mais tarde. O ideal é ter em mente cada personagem, com a personalidade, o aspecto físico, o estilo das roupas, os vícios e as virtudes. Nessa fase, o artista deve desenhar cada um dos tipos em posições variadas e om expressões faciais bem marcadas. Treinando o seu traço não haverá perigo de, ao longo da história, o personagem ficar irreconhecível.
- Desenho da história / lenda - A lápis, as linhas de todos os elementos das páginas são marcadas ­ personagens, cenários, balões (já no caso dos textos, escritos a lápis), onomatopéias (palavras que reproduzem sons naturais, como Tchibum! Pou! Crás! ) e os contornos dos quadrinhos.

CONSIDERAÇÃO FINAL

Constata-se que o ensino através dos gêneros pode funcionar como um meio de levar os alunos a terem uma ampla percepção da variedade de textos e de discursos que permeiam a interação do aluno com a escola e o seu meio social.
Para isso, é imprescindível que a escola forneça subsídios para que os atuais professores, através de cursos e seminários de extensão e pesquisa, possam conhecer sobre as teorias dos diferentes gêneros, consequentemente, terão mais instrumentos para melhor orientar as práticas de ensino, pois consideramos que só podemos ensinar bem aquilo que aprendemos satisfatoriamente.
Dessa forma a aprendizagem será efetiva, pois a intenção do educador deve ser a de extrapolar as situações de escrita puramente escolares e remeter às práticas sociais, possibilitando aos alunos o contato com gêneros que existem na vida real - e não propor a elaboração de redações escolares sem contexto. "A habilidade do aluno requer a aprendizagem não apenas dos conteúdos gramaticais, mas também dos discursivos", é necessário que se possibilite uma reflexão sobre os gêneros e o seu processo de ensino e aprendizagem, sejam eles, orais ou escritos, para que os professores possam desenvolver um trabalho acerca dos conhecimentos lingüísticos, envolvendo a problemática dos gêneros junto aos seus alunos.

MÉTODO UTILIZADO

O método utilizado neste trabalho será o de Sequência Didática, que segundo Dolz e Schneuwly (2004), são instrumentos que podem guiar professores, propiciando intervenções sociais, ações recíprocas dos membros dos grupos e intervenções formalizadas nas instituições escolares, tão necessárias para a organização da aprendizagem em geral e para o progresso de apropriação de gêneros.
A criação de uma sequência de atividades deve permitir a transformação gradual das capacidades iniciais dos alunos para que estes dominem um gênero, para sua realização, devem-se considerar questões como as complexidades de tarefas, em função dos elementos que excedem as capacidades iniciais dos alunos. Esse conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado conteúdo pode variar no decorrer de dias a semanas, dentre várias seqüências que podem ser trabalhadas durante o ano, de acordo com o planejado ou com as necessidades da classe, a complexidade dos desafios e dos textos deve-se aumentar gradativamente permitindo um aprofundamento do tema proposto.
Desta forma, seqüência didática são conjuntos de oficinas práticas, cada uma abordando um aspecto do gênero textual que se quer ensinar, como: leitura de exemplares do gênero, sua situação de produção, sua organização textual típica, elementos gramaticais e finalmente, escritas de um texto que se aproxime do gênero estudado. Quando organizada e planejada deliberadamente permite ainda construir com o aluno as ferramentas da pesquisa científica e vivências, visando aspectos conceituais e procedimentais, fundamentais para a aprendizagem do aluno e desenvolver sua autonomia.
A vantagem desse tipo de trabalho é que leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados em conjunto, o que faz mais sentido para quem aprende.

BIBLIOGRAFIA
BAKHTIN, M ikhail. Os gêneros do discurso. In BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo, Martins Fontes: 1992, pp. 279-326.
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (2004). Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras. 2004.
___________________________ Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – Elementos para reflexão de uma experiência suíça (francófona). In ROJO, Roxane Helena Rodrigues e CORDEIRO, Glaís Sales (Tradução e organização). Gêneros orais escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, pp. 41-70.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa. 6ª Edição. Curitiba: Positivo, 2004.
COSTA, Nelson Barros da Costa. As letras e a letra: o gênero canção na mídia literária. In BEZERRA, Maria Auxiliadora, DIONISIO, Angela Paiva e MACHADO, Anna Rachel (organizadoras). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, pp. 107-121.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da Conversação. 2.ed. São Paulo: Ática, 1991.
______________________.Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In BEZERRA, Maria Auxiliadora, DIONISIO, Angela Paiva e MACHADO, Anna Rachel (organizadoras). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, pp.19-36.
M. REINALDO, Maria augusta G. de e SANT ‘ANA, Tatiana Fernandes. Análise da orientação para produção de texto no livro didático como atividade de formação docente. Artigo publicado na revista Linguagem e Ensino, Vol. 8, n° 2, 2005, pp. 97-120.
ROMUALDO, E. C. Charge jornalística: intertextualidade e polifonia: um estudo de
charges da Folha de São Paulo. Maringá, PR: Eduem, 2000.
SILVA, Carla Letuza Moreira e. O trabalho com charges na sala de aula. Pelotas, RGS: UFRGS, 2004.
JOLIBERT, Josette, Formando Crianças Produtoras de Textos, P. Alegre:Artes Médicas,1994
KAUFMAM, Ana Maria e M. Elena Rodriguez, Escola, leitura e produção de textos, Porto Alegre: Artes Médicas,1995 .

MATA, Francisco Salvador, Como Prevenir as Dificuldades na Expressão Escrita, Porto Alegre: Artes Médicas, 2003
SOARES Magda. Alfabetização e Letramento, , 128 págs., Ed. Contexto
MELLO, Márcia Cristina de Oliveira Emilia Ferreiro e a Alfabetização no Brasil: um Estudo Sobre a Psicogênese da Língua Escrita, 136 págs., Ed. Unesp,
LERNER Delia. Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário, 128 págs., Ed. Artmed,
FERREIRO Emilia e Ana Teberosky Psicogênese da Língua Escrita, , 300 págs. Ed. Artmed.
Conte MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.xto, 8ª Ed., 2005.
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VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R. e LEONTIEV, A. N.. Linguagem desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo:
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental – 5ª a 8ª séries: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 2000.
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 2 ed. Campinas, SP: Pontes, 1992.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A escola que desejamos e seus desafios
José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância

Há um descompasso crescente entre os modelos tradicionais de ensino e as novas possibilidades que a sociedade já desenvolve informalmente e que as tecnologias atuais permitem. A maior parte do que se ensina não é percebido pelos alunos como significativo.
Uma boa escola depende fundamentalmente de contar com gestores e educadores bem preparados, remunerados, motivados e que possuam comprovada competência intelectual, emocional, comunicacional e ética. Sem bons gestores e professores nenhum projeto pedagógico será interessante, inovador. Não há tecnologias avançadas que salvem maus profissionais.
São poucos os educadores e gestores pró-ativos, inovadores, que gostam de aprender e que conseguem por em prática o que aprendem. Temos muitos profissionais que preferem repetir modelos, obedecer, seguir padrões, que demoram para avançar. São mais os que adotam uma postura dependente do que os autônomos, criativos, pró-ativos. Sem pessoas autônomas é mito difícil ter uma escola diferente, mais próxima dos alunos que já nasceram com a Internet e o celular.
Uma boa escola precisa de professores mediadores de processos de aprendizagem vivos, criativos, experimentadores, presenciais-virtuais. De professores menos “falantes”, mais orientadores; de menos aulas informativas e mais atividades de pesquisa, experimentação, desafios projetos.
Uma escola que fomente redes de aprendizagem, entre professores e entre alunos; que aprendam com os que estão perto e também longe, conectados, com os mais experientes ajudando aos que têm mais dificuldades.
Uma escola com apoio de grandes bases de dados multimídia, de multi-textos de grande impacto (narrativas, jogos de grande poder de sensibilização), com acesso a muitas formas de pesquisa, de desenvolvimento de projetos.
Uma escola que privilegie a relação com os alunos, a afetividade, a motivação, a aceitação, o reconhecimento das diferenças. Que dê suporte emocional para que os alunos acreditem em si, sejam autônomos, aprendam a analisar situações complexas e a fazer escolhas cada vez mais libertadoras.
Uma escola que se articule efetivamente com os pais (associação de pais), com a comunidade, que incorpore os saberes dela, que preste melhores serviços. A escola pode estender-se fisicamente até os limites da cidade e virtualmente até os limites do mundo. A escola pode integrar os espaços significativos da cidade: museus, centros culturais, cinemas, teatros, parques, praças, ateliês, centros esportivos, centros comerciais, centros produtivos, entre outros. A escola pode trazer as manifestações culturais e artísticas próximas, fazendo dos alunos espectadores críticos e produtores de novos significados e produtos. Pode inserir atividades teóricas com as práticas, a ação com a reflexão. Trazer pessoas com diversas competências para mostrar novas possibilidades vocacionais para os alunos.
A escola e a universidade precisam reaprender a aprender, a serem mais úteis, a prestar serviços mais relevantes à sociedade, a saírem do casulo em que se encontram. A maioria das escolas e universidades se distancia velozmente da sociedade, das demandas atuais. Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios e legitimados pelo Estado. Os alunos freqüentam muitas aulas porque são obrigados, não porque sintam que vale a pena. As escolas deficientes e medíocres atrasam o desenvolvimento da sociedade, retardam as mudanças.
A educação poderá tornar-se cada vez mais participativa, democrática, mediada por profissionais competentes. Teremos muitas instituições que optarão por uma postura mais conservadora, que manterão o sistema disciplinar, o foco no conteúdo; mas, mesmo nelas, o ensino-aprendizagem não se fará somente na sala de aula. Haverá maior flexibilidade de tempos, horários e metodologias do que há atualmente. Outras – e esperamos que muitas – caminharão para tornar-se ou continuar sendo organizações democráticas, centradas nos alunos; que desenvolvem situações ricas de aprendizagem, sem asfixiar os alunos, incentivando-os; que desenvolvem valores de colaboração, de cidadania em todos os participantes.
Escolas não conectadas são escolas incompletas (mesmo quando didaticamente avançadas). Alunos sem acesso contínuo às redes digitais estão excluídos de uma parte importante da aprendizagem atual: do acesso à informação variada e disponível on-line, da pesquisa rápida em bases de dados, bibliotecas digitais, portais educacionais; da participação em comunidades de interesse, nos debates e publicações on-line, em fim, da variada oferta de serviços digitais.
Quanto mais tecnologias avançadas, mais a educação precisa de pessoas humanas, evoluídas, competentes, éticas. A sociedade torna-se cada vez mais complexa, pluralista e exige pessoas abertas, criativas, inovadoras, confiáveis. O que faz a diferença no avanço dos países é a qualificação das pessoas. Encontraremos na educação novos caminhos de integração do humano e do tecnológico; do racional, sensorial, emocional e do ético; do presencial e do virtual; da escola, do trabalho e da vida em todas as suas dimensões.
Texto que será publicado no próximo Guia da Boa Escola (no prelo).

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Gestão Escolar

Gestão democrática escolar

Respeito é bom e todos gostam!

*Gilda Lück

A palavra gestão é muito usada hoje. Tanto em organizações empresarias como em escolas, sejam elas particulares ou públicas, seu conceito veio para ficar. É indiscutível que um bom gestor tem de conhecer tudo sobre liderança.
Ser um líder bem-sucedido, em qualquer instituição, é um grande desafio. Por outro lado, esta busca por líderes verdadeiros para gerenciar processos – sejam eles administrativos ou pedagógicos – não é fácil. Encontrar pessoas que saibam usar a posição e o poder que um gestor tem em suas mãos, com sabedoria, é uma tarefa complicada.
É preciso ter visão, pois esta é a questão mais fundamental de valores, aspirações e metas de cada um de nós enquanto gestores de uma escola. O ato de gerir pode e deve ser aprendido. Ele não acarreta privilégios e sim responsabilidades.
Vemos que alguns gestores apresentam pontos em comum: todos possuem um ego elevado, capacidade de pensar estrategicamente e orientação inclinada para o futuro.
Porém, o gestor tem de ser uma pessoa humilde e generosa até certo ponto, deve criar uma estratégia de liderança, comunicar-se de forma persuasiva, comportar-se de modo íntegro, respeitar os outros e agir com muita delicadeza no que diz respeito a conduzir seus liderados para as metas e objetivos a que se propõem alcançar.Não pode mais se prender a pequenos detalhes que não sejam importantes para o contexto geral.
A liderança tem como responsabilidade criar uma estratégia para que o processo ensino- aprendizagem aconteça – e com sucesso; que a escola como um todo seja bem-sucedida e propicie metas (crescer, prosperar, vencer, etc.).

Histórias do cotidiano escolar
Gostaria de comentar aqui uma história bem interessante e que prova que a realidade de algumas escolas está longe do ideal.
Fim de ano, professores que atuam em uma ou mais escola estão realmente sufocados de tanto trabalho. Nossa história acontece em uma quente manhã de segunda-feira. O professor, personagem principal, havia acordado cedo como de costume, saíra de casa às 6:30h e já estava participando da segunda reunião de seu dia com seus parceiros de jornada, equipe diretiva e pedagógica de uma das instituições que trabalha. Em meio à reunião, pede-se que atenda a uma ligação, pois alguém do outro lado da linha afirma ser de suma importância comunicar-se com ele. Levanta-se e vai até o telefone.
Suas pernas tremem, e com a mente cheia de preocupação com violências, assaltos, acidentes (tendo como centro sua família), já pensando em... diz um fraco alô. Logo reconhece a voz de sua gestora – da outra escola em que trabalha – na linha, que começa a falar rispidamente, em alto e bom tom, o quanto relapso e relaxado ele era porque não tinha colocado as notas em edital e ainda havia tirado a capinha de plástico que cobria o livro de chamada. Isso era inadmissível sob sua coordenação e ela iria pensar muito se ficaria com ele para o próximo ano.
A essa altura, o grupo presente na reunião tinha dificuldades de reter os risinhos, pois a gestora do outro lado da linha falava tão alto que todos a ouviam como se ela estivesse na sala.
O professor procurava explicar que havia dado as notas em sala, querendo colocar seu pensamento pedagógico de que a exposição de notas em público muitas vezes é polêmica, podendo deixar em posição vexatória os alunos que não conseguiram bons resultados. Além do que, esse procedimento pode até gerar más interpretações do processo, tornando-se um provável motivo para críticas à própria instituição.
O professor, indignado ao telefone, disse que como ela estava coordenadora tinha seus direitos de pedir a capinha de plástico no livro de chamada (que ainda estava com ele), mas que essa estava no armário dele e que havia sido tirada para manusear com mais
facilidade e evitar a irritação que causava em sua pele.
Portanto, no ato da entrega estaria como ela desejava (com a capinha de plástico).
Entretanto, a gestora que estava coordenadora naquele momento (ninguém nasce com uma função, o profissional está na função), nada queria ouvir, apenas dizia que teve de ligar e falar tudo aquilo porque só assim se sentiria melhor. Ao que o professor humilde e generosamente respondeu: “Ora, se isso te faz bem, faça.”

A partir dessa história real, analisamos quatro pontos muito importantes na gestão:

1 - Devemos respeitar o tempo e espaço que nossos colaboradores dedicam a outras atividades. Só temos permissão de invadir esses espaços com temas de real importância.
2 - Até que ponto podemos expor publicamente as provas e notas de nossos educandos? Será essa atitude correta?
3 - Disciplina e organização são importantes para o gestor, mas e a boa e velha educação, onde fica?
4 - O respeito à vida particular dos colaboradores, ao seu nome como profissional e a construção de sua atuação profissional (tendo como prioridades o respeito ao próximo e a individualidade), como ficam?
Esse é um caso que me faz pensar. Que tipo de gestores as organizações educacionais estão recrutando? Será que esse pessoal leu o livro O monge e o executivo, de James Hunter? A gestora da história com certeza não.

Qualidade total na gestão

Você já participou de alguma equipe que procurava sempre melhorar a qualidade do seu desempenho no trabalho? É bem possível que você tenha respondido sim, e que lhe foi uma experiência muito útil.
Geralmente, uma equipe liderada por um bom gestor promove a melhoria da qualidade do serviço, mas nem sempre são levadas em conta as qualidades morais do indivíduo. Caso tenha interesse, aí vão algumas dicas que favorecem a qualidade total de seu desempenho:

  • Pensar positivo é qualidade.

Ao acordar, não permita que algo que saiu errado ontem seja o primeiro tema para tornar seu trabalho cada vez mais eficaz.

  • Ser educado é qualidade.

Ao entrar no prédio de sua escola, cumprimente cada um que lhe dirigir o olhar, mesmo que não seja seu amigo ou colega.

  • Ser organizado é qualidade.

Seja metódico ao abrir seu armário, fazer uso do material, disponibilizar os recursos ao redor. Comece relembrando os objetivos e metas de ontem e os compromissos de hoje.

  • Ser cauteloso é qualidade.

Não se deixe envolver pela primeira informação de erro recebida de quem talvez não saiba de todos os detalhes. Junte mais dados que lhe permitam obter um parecer correto sobre o assunto.

Respeitar as coisas alheias é qualidade.

Quando alguém lhe buscar, tente adiar sua própria tarefa, pois quem veio lhe procurar deve estar precisando bastante de sua ajuda e confia em você. Esse alguém ficará feliz pelo auxílio que você lhe der.

  • Respeitar a saúde é qualidade.

Não deixe de se alimentar na hora do almoço, ainda que seja um pequeno lanche; respeite suas necessidades físicas. Aquela tarefa urgente pode aguardar alguns minutos. Se você adoecer, dezenas de tarefas terão de aguardar a sua volta, menos aquelas que acabarão por sobrecarregar seu colega.

  • Cumprir o combinado é qualidade.

Dentro do possível, procure organizar sua agenda para os próximos 10 dias. Não fique trocando datas a todo momento, principalmente pouco tempo antes do evento. Lembre-se de que você afetará o horário de vários colegas.

  • Ter paciência é qualidade. Ao comparecer aos eventos, leve tudo o que for preciso para a ocasião, principalmente suas idéias, divulgando-as sem receio. O máximo que pode ocorrer é não serem aceitas. Talvez mais tarde, em dois ou três meses, você tenha uma nova chance de mostrar que estava com a razão. Saiba esperar.

  • Falar a verdade é qualidade.

Não prometa o que está além das suas possibilidades só para impressionar quem lhe ouve. Se você não cumprir, vai comprometer o conceito que levou anos para construir.

  • Amar a família e os amigos é a maior das qualidades.

Ao encerrar o expediente, esqueça o trabalho. Pense como vai ser bom chegar em casa e rever a família ou os amigos que lhe dão segurança para desenvolver suas tarefas com equilíbrio.
A qualidade não se resume unicamente em produzir muito e fazer bem-feito. Humanizar o ambiente de trabalho também é fator importante. Respeitar as diferenças, colaborar de boa vontade, comprometer-se com a harmonia geral, é ter qualidade.

Para alcançarmos a qualidade total é preciso considerar, além da nossa qualificação profissional, também o nosso aperfeiçoamento moral. Pensemos nisso!

*É assessora pedagógica do grupo Dom Bosco,
mestre em Educação pelo Lesley College (EUA) e
doutora em Engenharia da Produção